sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Bad food, bad trip

Acabei de comer num restaurante "chique" que tem aqui do lado do meu trampo. Povo adora botar banca, o lugar está sempre lotado e cheio de gente nariz em pé. O lugar é bacana, bonito, agradável, muita opção, pratos criativos para um público selecionado.... Comida péssima! Tinha banido esse restaurante há algum tempo porque tinha decaído demais, mas voltei achando que era só uma má fase. Me ferrei. Comi um rondelli de siri com ricota que parecia super convidativo, potencialmente um prato gostoso. Não tinha gosto de nada. Absolutamente nada. Tempero zero, nem um coentrozinho! Qualquer pessoa que entenda um pouco de culinária, especialmente um chef (porque lá tem "chef") sabe que siri (ainda mais com ricota que também é sem gosto) só fica bom se você tasca tempero, ervas aromáticas, coisa simples.

Esse vai pro meu top 5 das comidas mais mal feitas que comi nos ultimos tempos. Vontade de botar tudo pra fora e ir voando comer um arroz com feijao com bife no quilão daqui do lado.

Ah sim, a coca zero estava deliciosa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O encanto do encarte (que coisa linda, que coisa boa)

Papo batido, mas o blog é meu e preciso desabafar. CD faz falta. Os vinis e os CDs permitiam a "degustação" de um álbum. O vinil tem mais defensores, mas para mim a experiência de ouvir um vinil ou um CD pela primeira vez é a mesma, uma vez que o encarte (dos detalhados, com letras e arte bacana) me obrigam a parar tudo o que estou fazendo só para voltar toda a minha atenção pro disco. Aliás, os encartes de disco foram tão importantes pra mim que caí no dzáaaain por culpa deles.

Escutar um disco novo pela 1ª vez era um ritual, uma hora só minha.

Primeira coisa logo depois de colocar o CD pra tocar era automaticamente sacar o encarte e enfiar o nariz no papel couché para sentir aquele cheiro bom de disco novo. Delícia acompanhar as letras das canções enquanto elas tocavam, perceber os detalhes da arte. Era como se eu fosse mais íntima das músicas que eu ouvia. Pra mim esse contato com o encarte tornava até os arranjos mais perceptíveis e palatáveis, como se através dele captasse melhor a síntese do álbum inteiro. Orgâaaanico, caaaara!

Hoje em dia escutar um disco pela primeira vez em MP3 se tornou tão banal, tão corriqueiro.
É como fast food.

Estou sempre fazendo alguma outra coisa enquanto escuto um álbum. Talvez isso justifique o fato de não ser mais cativada por uma banda como OUTRORA. Ah! Aquele calafrio, aquela vontade de pegar uma guitarra pra tocar depois de ouvir um disco... Juro que é minha última analogia, mas é que nem sexo casual. Pode até ser bom, mas é totalmente descartável e sem sentido.

É. Tô numas de saudosismo. Sinto falta dessas pequenas coisas que causaram grandes efeitos em mim e agora parecem tão esquecidas. Meu casamento com o rock só vai esfriar se eu deixar. Sinta o drama: hora de uma missão de resgate do meu primeiro amor com a música. OK! Depois também vou deixar as analogias um pouco de lado.

Em 2009 prometo me dedicar mais à arte de parar tudo pra ouvir um disco. Vou resgatar esse hábito. Acho até que isso vai despertar meu bichinho musical e capaz de eu voltar a compor freneticamente como antes. Aqui na minha cidade não se acha mais CD, mas a internet tá aí e eles aceitam meu cartão de crédito! Outras bandas já pensam a frente de seu tempo olhando para trás (e isso é plausível!) e estão se mexendo para não deixar os fãs dos encartes decepcionados! Esses disponibilizam encartes em alta resolução pro nego baixar junto com o álbum em mp3 e mandar imprimir. Assim que tem que ser, minha gente! Não sei se é a mesma coisa, mas experimentemos.

Nova promessa de começo de ano! Acho que ainda dá tempo!

*Fiquei assim por causa do encarte do "In Rainbows". Envelope de papelão lindo com o material solto dentro e ainda te dá a opção de passar tudo pra caixinha de acrílico, adesivando por fora (isso, vem adesivado). O Thom Yorke é quem faz a arte dos encartes sob um pseudônimo. Por isso também é um encarte ótimo pra se acompanhar com o disco, pois um realmente completa o outro por ter a mesma pessoa envolvida nos dois.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Cremada

*Alertamos que o conteúdo deste post traz uma carga densa de papo de mulé. Se seu estômago for sensível, leia outro post.

Quando a gente completa dezoito anos, se acha importante por finalmente ter idade suficiente para dirigir, beber, ser preso, entrar em shows, baladas, motéis, bingos e afins.

Quando uma mulher completa 25 anos e se acha importante por finalmente ter idade suficiente para começar a usar creme anti-sinais é, na verdade, sinal de que algo está errado: é a prova cabal de que ela se tornou uma adicta dos cremes em geral (pois convenhamos, não tem nada de excitante começar a usar creme anti-rugas).

Sempre fui uma usuária comedida de cremes. Na verdade, há relativamente pouco tempo me tornei adepta do hidratante básico, pois odiava melação. Tudo mudou quando descobri os cremes de absorção rápida. Comecei light: um hidratante corporal e outro facial após o banho.

É sempre assim que começa. Um hidratantezinho inocente aqui, um creminho antes de dormir ali... de repente, quando você percebe já está consumindo todo tipo de creme, até dos mais hardcore.

É uma beleza aquela fase dos 17 aos 22 anos. A gente está sempre linda, durinha, sequinha e sem celulite. Mais tarde você descobre que mesmo sendo magra, pode ser flácida, ter celulite e aquele pânceps turbinado cobrindo o cós da calça. Sua pele já não tem a mesma vitalidade de poucos anos atrás e começa a dar indícios de que o processo de decadência já começou. É aí a gente começa a perceber que entramos em fase de manutenção eterna.

Agora é só ladeira abaixo meeesmo, então freios são mais que necessários. Tem que se ligar pra não abarangar de vez. Mil cremes, refrigerantes zero e barrinhas de cereal, dietinhas de uma semana e a promessa de começar a drenagem linfática no mês que vem e a academia na segunda-feira.

Voltando ao meu desabafo como nova adicta dos cremes, estou chutando o balde e comprando litros de cremes de todos os tipos. Ontem mesmo comprei um hidratante para o corpo, um hidratante para as mãos, máscara facial purificadora e um creme anti-celulite para se juntar à minha coleção de dois hidratantes faciais (um para o dia, outro para a noite), creme esfoliante, protetor solar corporal e um facial. Confesso que já estou de olho em um creme firmador e redutor de medidas, um atenuante de olheiras e o tal do anti-sinais. Queria muito que essa compulsão por cremes fosse uma coisa normal. Mas algo me diz que não é. É?

Agora é pra toda a vida. Na minha urna (porque prefiro a cremação) vai estar gravado "Ana Luiza Pimentel viveu e morreu cremada".

P.S.: Pensando bem, cancela a urna! Podem mandar fazer um creme esfoliante com as minhas cinzas e colocar num potinho bonito. o.O

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Planeta Terra chamando!

I love rock'n'roll, porque eu vou ver o Jesus and Mary Chain (e o Breeders de novo, meldels!) no próximo sábado, no Festival Planeta Terra. Além dos favoritos da noite, só bandas legais no line hyp...line up: Kaiser Chiefs, Bloc Party, Spoon...

De quebra vou alimentar meu bichinho adolescente e nostálgico interior vendo Offspring e cantando linda e maravilhosa todas as músicas que eu adorava quando tinha 14 anos, antes de virar chata e ter a infeliz idéia de trocar o meu Smash rejeitado por algum bootleg indie no sebo. Só faltou o Calvin Harris para deixar meu lado groove-let's-dance feliz. Pena que não rolou. Mas tuuuudddo beeeem, porque eu vou ver o Breeders e o Jesus and Mary Chain ao lado do meu amor e dos meus amigos. Só por isso a noite já vai valer a pena. Um brinde aos grandes festivais!

Já estou tentando entrar no clima. Sim, é uma música feliz e saltitante do Jesus and Mary Chain (!) e por isso, se eles tocarem essa música no show, vai ser o tema oficial do festival para mim.


I had trouble but I found my star
I found myself an electric guitar
Well I was some kind of messed up kid
Now look what you did
Look what you did
You made me, yeah
You make me, yeah

Well I'm not preaching or making a case
I'm not trying to make the world a better place
Well I ain't evil, but I ain't good
I did what I could
I did what I could
To save me, yeah
To save me, yeah

I love rock'n'roll
I love what I'm do-ooing
I need rock'n'roll
Gets me where I'm going

Don't need money if you've got soul
And it don't matter if you're young or you're old
Well I don't worry what the people say
They say what they say
I go my own way
But that's me, yeah
It suits me, yeah

I love rock'n'roll
I love what I'm do-ooing
I love rock'n'roll
Gets me where I'm going
Don't need anyone
Don't need anything
Don't need anybody
I need rock'n'roll

d··b - Ouça!
Jesus and Mary Chain - "I love rock'n'roll"

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Para minha irmã mais nova

Eu lembro nítidamente do dia em que você nasceu. No dia 14 de outubro de 1988 eu tinha quatro anos, trezentos e dezessete dias e algumas horas, o que na época, para mim parecia muito. Mamãe, papai e vovó me acordaram cedo para que fôssemos logo para o hospital, pois sua cesárea estava marcada para as sete da manhã.

E lá fomos nós no Chevette cinza escuro metálico. Eu dormi no caminho. Chegamos lá, mamãe entrou com papai pela porta de atendimento e eu fiquei na sala de espera com a vó. Coitada da vó. Mal sabia ela do que a esperava. Acho que nunca vi aquela doce mulher tão brava. Mas não foi à toa, eu coloquei toda a paciência dela à prova, infernizei a vida dela e do resto dos funcionários do hospital.

Eu estava acostumadíssima a fazer partos. Era um processo extremamente rápido, prático, limpo e eficiente. A mãe e o bebê chegavam à mesa de cirurgia, era feita uma incisão na barriga, o bebê saía por baixo da camiseta, o bebê chorava e pronto! Mamãe e bebê passavam bem e iam para casa. Mas no dia em que você nasceu não foi bem assim.

Cheguei bem disposta, sabendo que talvez esse processo levasse algum tempo, mas um tempo suportável. Até trouxe um “kit-entretenimento” munido de revistinhas e uma caixa de Bis. Em uma hora ou duas eu não seria mais filha única e teria uma irmã para brincar comigo. Só que o tempo foi passando lentamente e toda aquela disposição começou a se transformar em impaciência e toda aquela impaciência se transformou em chateação alheia. O tempo é relativo e para uma criança pequena uma hora dura três. Estava demorando demais! Partos não deveriam ser demorados! Achei muito estranho. Fiquei o tempo inteiro questionando a competência da equipe daquele hospital. Onde já se viu demorar tanto pra se tirar um bebê de dentro da barriga da mãe! Uma coisa tão simples!

Distrair uma criança com um pouco de TV poderia ser uma boa solução. Mas eu não era uma criança qualquer. Eu era seletiva, chata e assistia a programas educativos da TV Cultura. Estava passando o Xou da Xuxa. Eu não gostava da Xuxa e nem dos desenhos chatos que passavam no programa. Comecei a protestar. No programa da Mara, embora achasse ela uma chata de galocha, ainda passava o desenho do Pica-Pau ou do Tom & Jerry. Protestei mais. Vovó pedia que eu ficasse quietinha, pois estávamos em um hospital. Parei de protestar, mas me senti injustiçada demais para ficar calada e fui educadamente pedir no balcão que trocassem de canal. Pedido recusado. Só pegava Globo naquela TV. Eles não sabiam o que estavam fazendo. Não se deixa uma criança hiperativa, chata e seletiva, de quatros anos, trezentos e dezessete dias com algumas horas sem desenho animado decente.

Saquei uma revistinha em quadrinhos do Garfield. Eu era uma leitora precoce de apenas quatro anos, trezentos e dezessete dias e algumas horas a mais do que quando cheguei no hospital naquele dia. Estava aborrecida. Aposto que vovó e as outras pessoas do recinto desejaram que eu não soubesse ler. Comecei a ler minha tirinha favorita naquele momento, com a qual eu me identificava totalmente durante aquela longa espera. Era uma tirinha de três quadrinhos com o gato laranja e gordo na mesma posição resmugando num balãozinho de pensamento como um mantra rabugento: “tédio, tédio, tédio, tédio, tédio, tédio, tédio...”. A palavra tédio se repetia e se espalhava como praga e engordava o balãozinho a cada quadrinho. Algum tempo antes desse episódio eu perguntei para meu pai o que queria dizer tédio. Naquele dia eu vivi o tédio intensamente pela primeira vez depois de descobrir o conceito. Pois aquela menina hiperativa de quatro anos, trezentos e dezessete dias e mais algumas e lentas horas na bagagem tomou o mantra do tédio para si. Bradava em alto e bom som: “tédio, tédio, tédio, tédio, tédio, tédio, tédioooo!!!”. Continuei protestando com meu mantra até tomar um puxão de orelha. Foi então que resolvi me mexer.

Fui até à recepção, fiquei na ponta dos pés até alcançar a beirada do balcão e me pendurei para pedir informações sobre o parto:

- “Moça, a minha irmã já nasceu? Eu nasci às nove horas da manhã e já são quase onze!”

Minha irmã já havia nascido. Mas não era só nascer, havia todo um longo e complexo processo por trás do simples ato de nascer que eu desconhecia.

Fiquei um pouco mais consolada. Em alguns minutos minha mãe e meu pai sairiam pela porta carregando minha irmã, voltaríamos para casa e todas aquelas horas agonizantes teriam ficado para trás. Vovó abriu a caixa de Bis e eu fiquei tranqüila.

Estava quase caindo no sono no colo da minha avó quando uma das moças da recepção nos chamou discretamente e uma enfermeira nos levou até uma salinha. Eu não entendi bem o que estava acontecendo. Recebi a instrução de ficar quieta, de forma que ninguém pudesse perceber minha presença, pois crianças não eram permitidas no recinto, especialmente crianças falantes de quatro anos, trezentos e dezessete dias e várias e cansativas horas. Fiquei calada.
De repente a porta se abriu. Era meu pai e uma enfermeira com um carrinho de lona branca. Dentro do carrinho de lona estava você. Pequenininha, enrolada em uma manta, com os olhinhos entreabertos e carinha de cansada, sem prestar muita atenção no que estava acontecendo.

- “Ana Luiza, essa é a sua irmãzinha”.

Naquele dia, na hora do almoço, vovó ficou com a mãe e eu e o pai saímos juntos. Ele tinha ficado sabendo da minha impaciência na sala de espera e me comprou um pega-peixe para eu me distrair e parar de azucrinar a vida da vovó e das atendentes do hospital. Mas eu já estava tranqüila, minha irmã já tinha nascido e agora eu era a irmã mais velha, o que para mim era uma grande responsabilidade. Paramos em uma loja de roupas para bebês para comprar sua primeira roupinha oficial. Passamos um tempão vendo roupinhas de nenê. Ficamos em dúvida sobre qual cor seria a mais adequada. Eu era contra cor-de-rosa. Achava chata essa imposição de rosa para as meninas e azul para os meninos. Escolhi um macacão amarelo e branco.

Isso foi há vinte anos...

Feliz aniversário, Raquelzinha!

Da sua irmã, Ana Luiza aos vinte e quatro anos, trezentos e dezessete dias e algumas horas que passaram rápido demais.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Home Filosofia de Boteco

O timing televisivo para a TV entre os comerciais e o programa foi baseado no comportamento de um bêbado. Experimente assistir a qualquer coisa na televisão enquanto entorna umas cervejas. Assim que bater vontade de ir ao banheiro ou de pegar uma nova cerveja, BAM! Pausa para os comerciais. E você nem se aborrece com os intervalos. É como se eles lessem sua mente. Será?

segunda-feira, 12 de março de 2007

Alergic to myself. How weird is that?

Oi, tô sem assunto. Clássico. Está muito quente e tenho muitas coisas pra resolver. Estou padecendo com mais um quadro alérgico alienígena.

Desenvolvi uma estranha alergia. Dia sim, dia não, alguma parte do meu corpo resolve inchar. As crises geralmente são instanâneas, duram algumas horas, mas todo fim de semana parece que elas duram mais tempo. São como picadas de mosquito monstruosas, exceto pelo fato de que não são picadas picadas de mosquito. Minha orelha já ficou maior do que a do Lima Duarte, meus pés já ganharam diâmetro, meu rosto já ficou com marcas estranhas, minhas costas com bolhas bizarras, meu pulso já inchou e a alergia se alastrou para a mão. Parece que a qualquer instante pode sair um alien de qualquer extremidade do meu corpo. É uma calamidade que já dura quase dois meses.
Será que estou me transformando em uma mosca, justo agora que a Drosophila acabou oficialmente?

O doutor disse que existe a possibilidade de eu estar com alergia ao meu próprio suor. Uau. Pensando bem isso é bem mais intenso do que parece: ter alergia de si. O que eu tenho que fazer? Me afastar de mim mesma? Ser menos egocêntrica? Será que eu sou meu próprio fator estressante? Será que é produto da vida solitária de uma pessoa que trabalha em casa?
Não, não! De forma alguma! Suicídio está completamente fora de questão. Eu não conseguiria viver com isso ha-ha-ha! TURRUPISH!

Gastei uma nota preta no exame. O cheque voltou. Mas tudo bem, já dei um jeito e essa semana já devo descobrir o que está causando essas alergias bizarras. Enquanto isso estou aqui garantindo o leitinho das criança e evitando o SPC. Tenho mais um site para traduzir do portucorporativês para o inglês. É muito engraçado ver como falamos "bonito" demais. Uma frase chiquérrima quase inteligível, super rebuscada, cheia de jargões corporativos, redundâncias e formalidades acaba se transformando em poucas linhas de linguagem simples, direta e clara, cuja informação essencial está ali nua e crua e até uma criança em fase de alfabetização entederia de cara. O negócio é que se os textos em português fossem escritos de forma simples, direta e clara, quem lesse ia achar que a empresa não tem credibilidade. Bizarro isso. Quanto menos direto ao assunto o texto é escrito, mais credibilidade as pessoas acabam dando. Cada um com suas esquisitices.

Eu volto!