quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O verdadeiro sentido do Carnaval

Feliz ano novo!
Agora sim começa o ano de 2007. Muita paz, harmonia, sucesso e ressaca! Tudo isso graças ao maravilhoso feriado de Carnaval! Agora o carro anda!

O Brasil é o único país do mundo que tem dois meses a menos em seu calendário que os outros países que utilizam o calendário ocidental. Certo, de fato eles existem, mas não servem para muita coisa. Janeiro e fevereiro foram embalados a vácuo para que todo brasileiro tenha um álibi para não fazer absolutamente nada de produtivo durante esse período: "O ano só começa depois do Carnaval".

Mas Carnaval não é só isso. É também tempo de exercitar o amor ao próximo, de uma forma até mais eficiente e sincera que a do Natal, que até hoje teve notoriedade sobre o assunto. Sabe como? Veja bem, o Carnaval é uma festividade que ressalta tudo o que o ser humano acha que tem de melhor: a alegria, animação, otimismo. Mas na verdade nessa época do ano, um indivíduo folião consegue instigar no próximo justamente o que há de pior no ser humano. Para uma pessoa que não se interessa nem um pouco em participar do contexto carnavalesco, ser alegre é ser inconveniente, ser animado é ser barulhento e ser otimista é uma perda de tempo porque inevitavelmente ninguém sairá ileso, sem mais dores de cabeça. Mas essa teoria é questionável.

Não há saída melhor para evitar dores de cabeça durante o Carnaval do que respirar fundo, contar até dez e tentar ficar zen. De acordo com a filosofia oriental, ao tentar ficar zen, o anti-social do carnaval poderá atingir um novo patamar de existência, se tornando uma pessoa mais evoluída do que já acha que é. Especialmente se contar com a ajuda de abafadores auriculares.

Durante esse feriado inevitável, as pessoas devem ser muito pacientes umas com as outras. A compreensão deve ser uma via de mão dupla. O folião deve respeitar aquele que não quer saber de farra e o anti-social carnavalesco deve aceitar que é minoria e se render a novas alternativas, deixando o mau humor contagiante de lado. Por exemplo, que tal tentar ver um filme no conforto de seu lar enquanto a barulheira nas ruas encobre o áudio? É realmente uma experiência totalmente renovadora.

Viu só? Zen. Esse é o verdadeiro sentido do Carnaval. A paz interior reina, mesmo em meio ao som estridente dos batuques e da gritaria na vizinhança. É tempo de amor ao próximo e você está zen. Não é maravilhoso?

Certo, não convenci. É realmente um inferno na Terra. O feriado do egoísmo deliberado. Da próxima vez, melhor passar fantasiado de ermitão, no meio do mato em algum lugar onde a palavra Carnaval seja desconhecida e inexplorada. Assim não se corre o risco de acordar com o barulho de uma corneta de plástico... E ainda tentar ficar zen!

O Resgate do Soldado Blog - Parte I

Há quase quatro anos não encosto num blog. Deixei para trás uma fase muito produtiva da minha vida em troca de ... NADA! Exatamente. Permiti que a minha fonte inesgotável de idéias secasse. Esvaziei a mente e resolvi emburrecer. Tudo isso por causa da minha primeira grande desilusão na vida. Depois descobri que muitas ainda viriam, mas isso é um capítulo a parte.
Naquela época conquistei muita coisa com meus textos e com aquela minha vontade incontrolável de escrever sobre tudo e qualquer coisa. Foi embasbacante ter visto todas elas indo pelo ralo por causa do grande mal da humanidade: o dinheiro (ou melhor, a falta dele).

Muita coisa aconteceu desde então. Minha vida é uma coisa complexa. A cada restrospectiva que eu faço dos acontecimentos dos últimos 23 anos, chego à conclusão de que são histórias que caberiam num roteiro hollywoodiano sem dúvida alguma. Nhé, não, não está nada pra filme cult, eu falei que eu emburreci. Ok. Também não está para filme hollywoodiano, está para novela mexicana mesmo. A que ponto chegaaaamos! Eu sempre quis ser uma pessoa light, mas o destino não me deixa ser. Que coisa.

Durante esses anos de escassez criativa, meu passatempo favorito foi desenterrar textos do meu antigo blog, que existiu entre meus 17 e 19 anos. A cada resgate eu ficava impressionada, eu simplesmente não conseguia acreditar muito que eu tinha escrito todas aquelas coisas interessantes, engraçadas e maravilhosamente infames. Eu nunca mais me senti interessante, engraçada e maravilhosamente infame.

Estou vivendo um momento em que eu preciso me resgatar. É, resgatar aquela Ana que ficou para trás, ou parte dela que me alegra só de lembrar. Ela é como o soldado Ryan. As outras três irmãs morreram na guerra e só sobrou aquela. Sei que ela está em um blog, só preciso resgatá-la. Só espero que não seja tarde demais.

Agora retorno, bem menos jovial que antes, menos ingênua também. Mas farei de tudo para manter o meu mau humor bem humorado e meu senso de auto ironia intactos, afinal eram o que me faziam ser uma pessoa mais feliz comigo mesma, mesmo que não fosse completamente.

Citando a frase mais recorrente do meu antigo blog:
"Como já diria o grande filósofo e mártir Monty Phyton: 'Always look on the bright side of life' (whistles, whistles, whistles)".